Nº 1166
O VERDADEIRO SANTUÁRIO
"Enquanto os homens de Igreja colocarem o problema da fé e do Evangelho em termos de poder, estarão a deixar de fora o essencial. Temos de propor o Evangelho em termos de amor. Devemos compreender que não estamos perante uma autoridade que nos quer dominar, mas perante uma luz que quer dissipar as nossas trevas, uma luz que quer fazer-nos ver e introduzir-nos na alegria de uma verdade que é Alguém, de uma Verdade inefável, de uma Verdade que é a luz da chama do amor.
A razão de sermos tão medíocres deve-se ao facto de vermos no bem uma exigência externa a nós mesmos, e na moralidade uma regra que nos é imposta de fora para nos obrigar e subjugar, para nos submeter e escravizar a um poder que quer mostrar-nos o seu domínio.
Seria impossível que Deus fosse uma Presença real na História se não pudesse encarnar-se em nós e se, através de nós, não aparecesse hoje a todos os que nos rodeiam como o Rosto de Luz e de Amor pelo qual todos suspiram.
Só Jesus pode revelar-nos o verdadeiro Deus, porque é interior a nós mesmos, porque nos ama mais do que uma mãe, porque vive dentro de cada um de nós, porque é o único que nos pode conduzir a nós mesmos.
Jesus leva-nos de volta ao homem - Santuário da Divindade -, porque para Ele não há mais templo de pedra que seja a expressão e a sede indispensável da Divindade. A verdadeira catedral, o verdadeiro santuário, é cada um de nós."
Maurice Zundel (1972)
MEDITAR
A vida eterna já está aqui; na carne e no sangue de Jesus.
Um Evangelho de apenas oito versículos, e Jesus a repetir oito vezes: Quem come a minha carne viverá para sempre. Quase um ritmo encantador, uma monotonia divina, ao estilo de João, avança por círculos concêntricos e ascendentes, como uma espiral; como uma pedra que se lança na água e se pode ver os círculos das ondas alargando-se cada vez mais. Oito vezes, Jesus insiste no porquê de comer a sua carne: para simplesmente viver, viver de verdade. Uma coisa é viver, a outra é só sobreviver. É a certeza premente de Jesus de possuir o segredo que muda a direção, o significado, o gosto da vida.
Quem come a minha carne tem a vida eterna. Com o verbo no presente: "tem", não "terá". A vida eterna é uma vida justa, autêntica e livre, que se eleva e não desiste, que faz coisas que não merecem morrer. Uma vida como a de Jesus, capaz de amar como ninguém. Sangue e carne são palavras que indicam a plena humanidade de Jesus, as suas mãos de carpinteiro com cheiro de madeira, as suas lágrimas, as suas paixões, os seus abraços, os seus pés encharcados de nardo e a casa que se enche de perfume e de amizade.
E uma surpresa, uma coisa imprevisível. Jesus não diz: levem a minha sabedoria, tomem a minha santidade, o sublime que está em mim. Em vez disso, diz: levem a minha humanidade, o meu jeito de habitar a terra e viver os relacionamentos como fermento dos vossos. Alimentem-se do meu jeito de ser humano, como um bebé que ainda está no útero da mãe se alimenta de seu sangue.
Jesus não está a falar sobre o sacramento da Eucaristia, mas sobre o sacramento de sua existência: comam e bebam cada gota e cada fibra de mim. Quer que o fluxo quente de sua vida flue nas nossas veias, que o coração tome raízes da sua coragem, para que possamos começar a viver a existência humana como Ele a viveu.
Tornou-se homem para isso, para que homem se torne como Deus, então comer e beber Cristo significa tomá-l’O como uma medida, como fermento, como energia. Não "vai fazer a Comunhão", mas "tornar-nos sacramento de comunhão". Então, o movimento fundamental não é a nossa subida para Ele, mas Ele que vem até nós. Ele no caminho, Ele que percorre os céus, feliz por me ver chegar, que me diz: Estou feliz por estares aqui. Eu só posso recebê-l’O espantado. Antes que eu diga "estou com fome", diz: "toma e come", procura-me, espera por mim e entrega-se.
Toma, come! Palavras que me surpreendem de cada vez, como uma declaração de amor: "Quero estar nas tuas mãos como um presente, na tua boca como pão, no teu coração como o sangue, faz-me como uma tua célula, a tua respiração, o teu pensamento. A tua vida.
Ermes Ronchi
O AMOR É UM LUGAR
«Em tempo de férias, é usual dizermos que "vamos à terra", "fui à terra", "vim da terra". "Ir à terra" é uma expressão castiça. (...)
"Ir à terra" não é mais do que tornar presente de onde vimos, deixar o coração apaziguar e impregnar-se de futuro. "Ir à terra" é voltar a tudo aquilo que nos constitui, nos integra, nos regenera, nos reforça (...)
Na verdade, "ir à terra" é ir ao amor. Porque o amor é um lugar. O amor não é um sentimento, uma sensação, um momento. O amor é um lugar. Ou melhor: é 'o' lugar ao qual pertencemos. É terra, é chão, é pedra onde nos apoiamos e onde os nossos passos ganham firmeza. E a vida, fecundidade. Por isso é que, quando deixamos de ir à "terra", ou andamos de terra em terra demasiado tempo, à procura do nosso lugar, podemos ficar doentes. E quando finalmente o encontramos e nos demoramos por lá, voltamos diferentes - mais iguais a nós mesmos.
E um dia, quando vier a nossa hora de partir desta terra, não estranharemos a outra, onde chegaremos. Antes pelo contrário, será tão familiar quanto cada um dos gestos de amor e entrega que tenhamos realizado ou recebido. Se durante a nossa vida terrena visitámos amiúde essa terra do amor, então o que poderemos sentir ao partir, senão que regressamos finalmente a casa? Por isso é que convém ir à terra sempre que pudermos, porque um dia lá ficaremos. Para sempre. E descobriremos que a terra é, afinal, um face-a-face com o amor pleno.»
João Delicado
PENSAMENTO DA SEMANA
Senhora do “SIM”,
Menina Moça do cândido fiat…
que o Teu amoroso olhar caia sobre cada um de nós;
que a Tua presença seja firme dentro de cada ser humano;
que a Tua vida seja o sol que irradia a nossa vida!
Que cada um de nós seja como Tu:
capaz de levar Jesus a todos e todos a Jesus.
INFORMAÇÕES
FESTA DE NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃO
RIBEIRA DO NABO
Missa de Festa - dia 25 de agosto às 18h00, seguindo-se a procissão.
FESTA DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - LOURAL
Tríduo: 21, 22 e 23 de agosto missa às 19h00.
Missa de Festa: 25 de agosto às 13h00 seguindo-se a procissão.
FESTA DE SANTA FILOMENA - PENEDIA
Missa de Festa: 25 de agosto às 11h00, seguindo-se a procissão.
PENSAMENTO DA SEMANA
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Nº 1168Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
«O amor é uma coisa «perigosa», só ele traz a única revolução que proporciona felicidade.
São poucos os que são capazes de amar, e tão poucos os que querem o amor.
Amamos segundo as nossas próprias condições, fazendo do amor um coisa de mercado. Temos mentalidade mercantil, mas o amor não é comercializável nem é um negócio de troca.
O amor é um estado de ser, no qual todos os problemas humanos se resolvem. Vamos ao poço com um dedal e assim a vida torna-se uma coisa sem qualidade, insignificante e limitada.»
J. Krishnamurti, in "Cartas a uma jovem amiga
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