Nº 1164
O bem não faz barulho
O mundo está cada vez mais barulhento, como se a maior parte das pessoas estivesse perdida e atormentada. Correm e gritam como se pressentissem uma desgraça maior do que a morte: uma existência sem sentido.
Este pânico contagia-se, mas em vez de nos fazer voltar os olhos e o empenho para a rumo certo, gela-nos e faz-nos juntar aos que não arriscam a sua existência habitual em troca da felicidade que é rara, mas possível.
Tantas vezes é assim no mundo como dentro de nós. Um ruído enorme parece invadir cada recanto do nosso ser. Um vazio que sufoca a nossa voz interior.
As pessoas estão cada vez mais dependentes das lógicas das massas, bandos, manadas, multidões e afastam-se de tudo quanto as podem levar a ficar sozinhas. E fazem barulho para avisar os outros de onde estão e os outros não os percam. Alguns chegam a sonhar deixar de ser quem são, fugirem de si mesmos… para serem apenas… mais um.
O silêncio, que tantas vezes pode ser árido e frio, é a base da nossa natureza, o chão comum às nossas almas. O silêncio cura, porque a verdade só nele se revela.
Há quem não seja capaz de viver sem barulho, necessita do ruído porque não é capaz de se suportar a si mesma, enquanto impõe aos outros o que ela mesma não aguenta.
Uma palavra ou duas bastam para dizer tudo o que é importante. Por vezes, basta um ‘Eis-me aqui’ para que o amor se faça presença e fira de morte a solidão do outro.
Um coração em sofrimento não faz barulho, nem mesmo quando se parte.
O barulho não é bom e o bem faz-se de forma discreta.
Quando é o silêncio quem desperta em nós uma espécie de alegria que é luz… quando quase conseguimos adivinhar uma melodia belíssima escondida por detrás de um silêncio bom e amável… quando é assim, precisaremos de muito poucas palavras para fazer milagres nas vidas daqueles a quem somos chamados a tocar.
Não faças barulho. Foge dele.
Não temas o silêncio. Aceita-o e procura nele o que mais precisas. Encontrarás.
MEDITAR
Aprendei de mim.
«Eu sou o pão que desceu do Céu» (João 6, 41-51). Numa só frase Jesus recolhe e entrelaça três imagens: pão, Céu, descer. Poder da escrita criativa dos Evangelhos e, ainda antes, da linguagem repleta de imaginação e rompimento própria do poeta de Nazaré.
Eu sou pão, mas não como o é um punhado de farinha e água que passou pelo fogo: pão porque o meu trabalho é alimentar o fundo da vida. Eu sou Céu que desce à Terra. Terra com Céu é jardim. Sem, é pó sem respiração. Na sinagoga levanta-se a contestação: mas que pão e que céu! Sabemos tudo de Ti e da tua família…
E aqui está a chave da narrativa. Jesus tem em si algo que está para além. Algo que vale por toda a realidade: há uma parte de Céu que compõe a Terra; um além que habita as coisas; o nosso segredo não está em nós, está para além de nós.
Como o pão, que tem em si o pó do solo e ouro do Sol, as mãos do semeador e as do ceifeiro; sofreu a dureza da mó e do fogo; germinou ao chamamento da espiga que haveria de ser; alimentou-se de luz e agora pode alimentar.
Como o pão, Jesus é filho da Terra e filho do Céu. E acrescenta uma frase belíssima: ninguém pode vir a Mim se não o atrai o Pai que Me enviou. Eis uma nova imagem de Deus: não o juiz, mas a força de atração do cosmo, a força de gravidade celeste, a força de coesão dos átomos e dos planetas, a força de toda a comunhão.
Dentro de cada um de nós age uma força imparável de atração divina, que chama a abraçar beleza e ternura. E nunca nos tornaremos verdadeiros, nunca seremos nós mesmos, nunca ficaremos satisfeitos, se não fazemos caminho pelas estradas do encantamento por tudo aquilo que chama ao abraço.
Jesus diz: deixai que o Pai atraia, que seja a comunhão a falar na profundidade, e não o mal ou o medo. Então todos serão ensinados por Deus, ensinados com gestos e palavras e sonhos que nos atraíam e transmitam bem-estar, porque são límpidos e sãos, são de pão e de vida.
O pão que Eu der é a minha carne dada para a vida do mundo. Sempre a palavra “vida”, insistente certeza de Jesus de ter algo de único a dar para que possamos viver melhor.
Mas não diz o meu “corpo”, mas a minha “carne”. No Evangelho de João “carne” indica a humanidade originária e frágil que é a nossa: o Verbo fez-se carne. Dou-vos esta minha humanidade, tomai-a como medida alta e luminosa do viver.
Aprendei de Mim, estancai a hemorragia de humanidade da História. Sede humanos, porque quanto mais se é humano, mais se manifesta o Verbo, o gérmen divino que está nas pessoas. Se nos alimentarmos assim de Evangelho e de humanidade, tornar-nos-emos uma bela notícia para o mundo.
Ermes Ronchi
A Felicidade...
A felicidade mora dentro de nós.
Dentro dos nossos sonhos, dentro de tudo o que nos faz sorrir a alma.
A felicidade mora dentro da essência e da existência de cada um.
A felicidade não mora fora...às vezes aparece mascarada de uma série de enfeites, distrações, de conquistas... mas a felicidade mora no mais simples... mora mesmo na nossa singularidade, tantas vezes imperfeita.
A felicidade mora no amor. Naquele amor que preenche o peito e faz brilhar o olhar. O amor que abraça, que cuida, que escuta, que perdoa.
A felicidade vem, muitas vezes, desarrumada, não vem em caixas...até porque não há felicidade que encaixe.
A felicidade não tem molde, não tem tamanho, forma ou cor.
A felicidade é em si mesma indefinida, para que cada um de nós a possa definir dentro de si.
A felicidade chega sempre e em cada momento que escolhemos ser felizes. Chega sempre e em cada momento que nos sentimos merecedores da vida, que vive e palpita dentro de nós.
A felicidade chega sempre e em cada momento de coragem, que nos faz seguir todos os dias, sabendo que há tanto que nos faz ser feliz!
PENSAMENTO DA SEMANA
O medo foca-se no eu.
A fé, em Deus.
O medo paralisa.
A fé, avança.
O medo cega.
A fé faz-nos ver para além dos nossos olhos.
O medo traz terror.
A fé, confiança.
O medo traz perdição.
A fé, salva.
No entanto, a fé terá de ser revestida do maior de todos os dons: Amor.
Porque fé sem amor, conduz ao fanatismo.
Fonte: Coisas de Mim
INFORMAÇÕES
FESTA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM
PORTAL
Tríduo - Dias 7, 8 e 9 de agosto - Missa às 19 horas.
Festa- Dia 11 de agosto - Missa às 10 horas - Procissão às 20 horas.
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Agenda Pastoral
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Nº 1168Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
«O amor é uma coisa «perigosa», só ele traz a única revolução que proporciona felicidade.
São poucos os que são capazes de amar, e tão poucos os que querem o amor.
Amamos segundo as nossas próprias condições, fazendo do amor um coisa de mercado. Temos mentalidade mercantil, mas o amor não é comercializável nem é um negócio de troca.
O amor é um estado de ser, no qual todos os problemas humanos se resolvem. Vamos ao poço com um dedal e assim a vida torna-se uma coisa sem qualidade, insignificante e limitada.»
J. Krishnamurti, in "Cartas a uma jovem amiga
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