Nº 666

CONSTRUIREMOS O QUE SONHARMOS JUNTOS

 Apaixona-me a ousadia de todos os que se confiam a causas maiores que eles próprios… Sim, acredito que aí reside o segredo da mais profunda Liberdade!

A Liberdade tem a ver sempre com a descoberta enamorada da Verdade! Jesus disse “A Verdade vos fará Livres!” E Paulo gritava aos quatro ventos: “Fomos libertados para a Liberdade!”

Esta Liberdade que nos torna servos dos “pequenos” e acusadores dos “grandes”…

Sorrio de alegria ao pensar a missão da Igreja como prolongamento da missão de Jesus, num ritmo comunitário em que o Espírito Santo faz acontecer a Palavra no Coração dos irmãos, ilumina a consciência para discernir os Sinais dos Tempos e fortifica os laços fraternos de modo a que cada Comunidade se torne “Frente de Fraternidade” capaz de derrotar tantas “Frentes de Iniquidade” que esmagam os pequenos que lhes aparecem pelo caminho e se alimentam dos seus despojos…

Apaixona-me a Igreja de Jesus que entende qual é o seu lugar próprio na história, e não cai nos mesmos erros da Antiga Aliança, quando tantos confundiam a esperança da chegada do Reino de Deus com a Restauração do Reino de David!

Assim também tantos nos últimos séculos confundiram o Reino de Deus anunciado e inaugurado por Jesus com a Igreja! Mas o Reino de Deus é maior que a Igreja, ultrapassa as suas fronteiras…

O Reino de Deus é uma Nova Humanidade, não uma nova religião!

O lugar da Igreja no mundo é o do Serviço! Ao serviço de Deus e ao serviço do Mundo, sem fronteiras nem preconceitos.

Já reparaste que à porta de um farol está escuro?! Assim como um farol não existe para se iluminar a si próprio, assim também a Igreja não existe em função de si própria, mas em função da difusão do Reino de Deus!

Por isso é que Jesus dizia aos seus: “Vós sois a LUZ do mundo, vós sois o SAL da terra, vós sois o FERMENTO que leveda a massa…”

SHALOM

 

FESTA DA DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE LATRÃO

A Basílica de S. João de Latrão, cuja “dedicação” ou consagração aconteceu no ano de 320, é a catedral do Papa, enquanto Bispo de Roma. Ela é a “mãe de todas as igrejas”, o símbolo das Igrejas de todo o mundo, unidas à volta do sucessor de Pedro. A Festa da Dedicação da Basílica de Latrão convida-nos a tomar consciência de que a Igreja de Deus (que a Basílica de Latrão simboliza e representa) é hoje, no meio do mundo, a “morada de Deus”, o testemunho vivo da presença de Deus na caminhada histórica dos homens.

Na primeira leitura, o profeta Ezequiel, dirigindo-se ao Povo de Deus exilado na Babilónia, anuncia a chegada de um tempo de salvação e de graça, em que Deus vai estabelecer a sua morada no meio dos homens e vai derramar sobre a humanidade sofredora vida em abundância.

No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o Novo Templo, o “lugar” onde Deus reside no mundo e onde os homens podem fazer a experiência do encontro com Deus. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida. Aquilo que a antiga Lei já não conseguia fazer – estabelecer relação entre Deus e os homens – é Jesus que, a partir de agora, o faz.

Na segunda leitura, Paulo recorda aos cristãos de Corinto (e aos cristãos de todos os tempos e lugares) que são, no mundo, o Templo de Deus onde reside o Espírito. Animados pelo Espírito, os cristãos são chamados a viver numa dinâmica nova, seguindo Jesus no caminho do amor, da partilha, do serviço, da obediência a Deus e da entrega aos irmãos; vivendo dessa forma, eles tornam Deus presente e atuante no meio da cidade dos homens.

 

MEDITAR

 

ORA VÊ

Só é verdadeiramente nosso o que partilhamos.

Só nos pertence o que somos capazes de dar.

 

Nós habituámo-nos a falar de Ti, Deus da Vida e da Bondade, como o Criador e Senhor de Tudo; mas, muitas vezes, esquecemo-nos que isso significa que Tu nada reténs, nada guardas, nada possuis. Tudo em Ti é Dádiva e Generosidade, tudo é Liberdade e Graça.

 

És capaz de Criar, porque não és capaz de reter.

És capaz de tomar conta, porque não és capaz de tomar posse.

 

Quando queremos guardar e reter, tonamo-nos como buracos negros, que são o contrário de qualquer dinamismo criador.

 

Uma vez o Teu Jesus contou aquela parábola das moedas que um Senhor entregou aos seus servos antes de partir. O primeiro foi pôr a render as moedas que tinha recebido. O segundo fez igual. Mas o terceiro, cheio de medo, guardou num paninho e enterrou a moeda que tinha recebido. Quando chegou o seu Senhor, ele devolveu-lha assim mesmo, e o Senhor irritou-se. Porquê? Porque guardar daquela maneira significa que não recebeu desde o princípio! Não recebeu o Dom do Senhor… A prova é que não tratou aquela moeda como sua, mas a guardou como algo a devolver. A vida também é assim, não é, meu Senhor e meu Dono? Ou a gente a investe na partilha e na doação ou perceberemos - talvez tarde demais - que não é coisa que se possa devolver embrulhada na palma da mão.

Grão de Mostarda

 

CONTO (525)

 

SONS INAUDÍVEIS

- Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo na erva, o zumbido das abelhas, o barulho do vento cortando os céus…

E ao terminar o seu relato, o Mestre pediu que o príncipe voltasse à floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu à ordem do Mestre, pensando:

- Não entendo, eu já distingui todos os sons da floresta…

Durante dias e noites ficou sozinho ouvindo, ouvindo, ouvindo... mas não conseguiu distinguir nada de novo além daquilo que havia dito ao Mestre. Porém, certa manhã, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira antes. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. Pensou:

- Esses devem ser os sons que o Mestre queria que eu ouvisse…

E sem pressa, ficou ali ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria ter a certeza de que estava no caminho certo. Quando voltou ao templo, o Mestre  perguntou-lhe o que mais conseguira ouvir.

Paciente e respeitosamente o príncipe disse:

- Mestre, quando prestei atenção pude ouvir o inaudível som das flores abrindo-se , o som do sol nascendo e aquecendo a terra e da erva bebendo o orvalho da noite…

O Mestre sorrindo, acenou com a cabeça em sinal de aprovação, e disse:

- Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma grande pessoa. Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança ao seu redor; entender o que está errado e atender às reais necessidades de cada um.

 

 Um rei mandou o seu filho estudar no templo de um grande Mestre, com o objetivo de prepará-lo para ser uma grande pessoa. Quando o príncipe chegou ao templo, o Mestre mandou-o sozinho para uma floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever todos os sons da floresta. Quando o príncipe retornou ao templo, após um ano, o Mestre pediu-lhe  para descrever todos os sons que conseguira ouvir. Então  o príncipe disse:

Repudio todas as formas de ser igreja que não proclamam nem constroem a Igreja de Cristo, a dinâmica comunitária por Ele sonhada e iniciada com aqueles Doze pobres que não viriam nunca a ter outra autoridade senão a de dar o próprio sangue pelo Mestre Ressuscitado!

 

É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.
O importante é aproveitar o momento e aprender a sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver.
Gabriel Garcia Márquez

 

INFORMAÇÕES

 

FEIRA DO LIVRO

O Departamento de Língua Portuguesa da Escola Básica e Secundária da Calheta informa que vai realizar a Feira do Livro nesta escola entre os dias 10 e 14 de novembro, das 9h às 12h45 e das 13h45 às 17h. Haverá livros para todas as idades e para todos os gostos! A preço de feira! Neste Natal, ofereça um livro.

 


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas

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